Redação em ação

Olá caros leitores,

sejam bem vindos a este blog que tem como pretensão reunir e divulgar materiais que vão auxiliar em suas redações. Agora vocês não precisarão mais vagar pela internet à procura de ajuda, aqui vocês encontrarão bons artigos, redações de vestibulares e textos meus entre outros, para auxiliá-los nessa tarefa tão necessária. Chega de dizer que escrever é difícil, só se aprende a fazer, fazendo. Então, vamos lá!

domingo, 31 de outubro de 2010

Dicas de interpretação

      Não só os alunos afirmam gratuitamente que a interpretação depende de cada um. Na realidade isto é para fugir a um problema que não é de difícil solução por meio desofisma (=argumento aparentemente válido, mas, na realidade, não conclusivo, e que supõe má fé por parte de quem o apresenta).
Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa interpretação de texto. Para isso, devemos observar o seguinte:

01. Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto;02. Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura, vá até o fim, ininterruptamente;03. Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo menos umas três vezes;04. Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas;05. Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;06. Não permitir que prevaleçam suas idéias sobre as do autor;07. Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor compreensão;08. Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do texto correspondente;09. Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão;10. Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de ...), não, correta, incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras; palavras que aparecem nas perguntas e que, às vezes, dificultam a entender o que se perguntou e o que se pediu;11. Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a mais exata ou a mais completa;12. Quando o autor apenas sugerir idéia, procurar um fundamento de lógica objetiva;13. Cuidado com as questões voltadas para dados superficiais;14. Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela resposta, mas a opção que melhor se enquadre no sentido do texto;15. Às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras denuncia a resposta;16. Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo autor, definindo o tema e a mensagem;17. O autor defende idéias e você deve percebê-las;18. Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são importantíssimos na interpretação do texto.
Ex.: Ele morreu 
de fome.de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na realização do fato (= morte de "ele").
Ex.: Ele morreu 
faminto.
faminto: 
predicativo do sujeito, é o estado em que "ele" se encontrava quando morreu.;19. As orações coordenadas não têm oração principal, apenas as idéias estão coordenadas entre si;20. Os adjetivos ligados a um substantivo vão dar a ele maior clareza de expressão, aumentando-lhe ou determinando-lhe o significado.
Nota: Diante do que foi dito, espero que você mude o modo de pensar, pois a interpretação não depende de cada um, mas, sim, do que está escrito. "O que está escrito, escrito está."


Esquema de leitura

Este esquema de leitura foi desenvolvido por especialistas para interpretação e compreensão textual de textos em língua inglesa.
É aconselhável o uso deste esquema para facilitar a interpretação e compreensão textual.
1. SKIMMING (SKIM - folhear, passar os olhos)
  Captar a idéia principal/central.
  Maiêutica Socrática - Chegar à conclusão
  que se queira fazendo-se as perguntas certas.
2. SCANNING (SCAN - esquadrinhar, escandir)
  Buscar as idéias secundárias.
  Detalhes.
3. GUESSING (GUESS - suposição, adivinhar)
  Intuir.
  "Sacar".
4. INFERENCE (INFER - deduzir, supor)
  Extrapolar.
  Ir além.
5. EVALUATION (EVALUATE - avaliar)
  Avaliação da idéia do texto.
6. UNDERSTATEMENT Subafirmar
outras orientações:
a) Ler, primeiramente, o título e o autor. Isto facilita o entendimento e direciona o esquema de leitura.
b) Ler o texto na íntegra no máximo três vezes;
c) Fazer marcações (sublinhar, circular) em palavras-chaves (idéias e palavras desconhecidas);
d) Anotar na margem a síntese do parágrafo;
e) Relacionar o texto às suas vivências e à história pessoal. O texto constrói seu significado por meio da vivência (experiência de vida do autor) e pela intertextualidade (todos os textos que leu).
f) Depreender os múltiplos e variados modos de leitura. O leitor deve decodificar as palavras (interpretar) e relacioná-las em seus diversos sentidos (compreender). É mister o leitor perceber num texto diferentes formas de relações: com o autor (o que o autor quis dizer?), com seu referente (a ideologia nas entrelinhas das idéias expressas, o implícito), com o leitor (as intenções subentendidas), com os outros textos (estabelecer comparação entre dois ou mais textos, seja no conteúdo, seja o estilo).
g) Preocupar-se com o vocabulário somente se for palavra-chave. E é simples encontrar seu significado inferindo a partir de seu radical e das relações com outras palavras. Se for uma palavra "incidental", isto é, de complementação periférica, não prejudica ou compromente o entendimento da leitura.

O PARÁGRAFO



O parágrafo é  organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser formado por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos relacionados com a tese ou ideia principal  do texto, geralmente apresentada na introdução.
Embora existam diferentes formas de organização de parágrafos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalísticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em três partes: a ideia-núcleoas ideias secundárias (que desenvolvem a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em parágrafos curtos, é raro haver conclusão.

Conheça a estrutura-padrão a seguir, observando sua organização interna

  • idéia-núcleo: A poluição que se verifica principalmente nas capitais do país é umproblema relevante, para cuja solução é necessária uma ação conjunta de toda asociedade.
  • ideia secundária: O governo, por exemplo, deve rever sua legislação de proteção ao meio ambiente, ou fazer valer as leis em vigor; o empresário pode dar sua contribuição, instalando filtro de controle dos gases e líquidos expelidos, e a população, utilizando menos o transporte individual e aderindo aos programas de rodízio de automóveis e caminhões, como já ocorre em São Paulo.
  • conclusão: Medidas que venham a excluir qualquer um desses três setores da sociedade tendem a ser inócuas no combate à poluição e apenas onerar as contas públicas.
          Observe que a ideia-núcleo apresentou palavras-chave (poluição / solução /  ação conjunta / sociedade) que vão nortear o restante do parágrafo. O período subsequente – ideia secundária – vai desenvolver o que foi citado anteriormente: ação conjunta – do governo, do empresário e da população. O último período retoma as ideias anteriores, posicionando-se frente ao tema.
         Em suma, note que todo o parágrafo se organiza em torno do primeiro período, que expõe o ponto de vista do autor sobre como combater a poluição. O segundo período desenvolve e fundamenta a ideia-núcleo, apontando como cada um dos setores envolvidos pode contribuir. O último período conclui o parágrafo, reforçando a ideia-núcleo.
        Outro aspecto que merece especial atenção são os elementos relacionadores, isto é, os conectores ou conetivos. Eles são responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais fluente; visam a estabelecer um encadeamento lógico entre as ideias e servem de “elo” entre o parágrafo, ou no interior do período, e o tópico que o antecede. Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também para a clareza do texto. Sem esses conectores – pronomes relativos, conjunções, advérbios, preposições , palavras denotativas – as ideias não fluem, muitas vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro, sem coerência.
          Os elementos relacionadores não são, todavia, obrigatórios; geralmente estão presentes a partir do segundo parágrafo. No exemplo a seguir, o parágrafo demonstrativo certamente não constitui o 1º parágrafo de uma redação.

       Exemplo de um parágrafo e suas divisões

“Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha. Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda. Enfim, viveremos o caos.” (Alberto Corazza, Isto É, com adaptações)
Elemento relacionador : Nesse contexto.Tópico frasal: é um grave erro a liberação da maconha.Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda.Conclusão: Enfim, viveremos o caos.
(Obra consultada: MOURA, Fernando. Nas Linhas e Entrelinhas, 6ª edição, 2004. Ed.Vestcon)

Redação nota 10. 3

TEMA: 
Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena
(Fernando Pessoa)
                                                                  Sonhar é preciso
           “Nós somos do tamanho dos nossos sonhos. Há, em cada ser humano, um sebastianista louco, vislumbrando o Quinto Império; um navegador ancorado no cais, a idealizar ‘mares nunca dantes navegados’; e um obscuro D. Quixote de alma grande que, mesmo amesquinhado pelo atrito da hora áspera do presente, investe contra seus inimigos intemporais: o derrotismo, a indiferença e o tédio.
          Sufocado pelo peso de todos os determinismos e pela dura rotina do pão-nosso-de-cada-dia, há em cada homem um sentido épico da existência, que se recusa a morrer, mesmo banalizado, manipulado pelos veículos de massa e domesticado pela vida moderna.
         É preciso agora resgatar esse idealista que ocultamente somos, mesmo que D. Sebastião não volte, ainda que nossos barcos não cheguem a parte alguma, apesar de não existirem sequer moinhos de vento.
         Senão teremos matado definitivamente o santo e o louco que são o melhor de nós mesmos; senão teremos abdicado dos sonhos da infância e do fogo da juventude; senão teremos demitido nossas esperanças.
        O homem livre num universo sem fronteiras. O nordeste brasileiro verde e pequenos nordestinos, ri sonhos e saudáveis, soletrando o abecedário. Um passeio a pé pela cidade calma. Pequenos judeus, árabes e cristãos, brincando de roda em Beirute ou na Palestina.
        E os vestibulandos, todos, de um país chamado Brasil, convocados a darem o melhor de si no curso superior que escolheram.
        Utopias? Talvez sonhos irrealizáveis de algum poeta menor, mas convicto de que nada vale a pena, se a alma é mesquinha e pequena.”
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E AGORA?  QUE TAL IDENTIFICAR O TEMA DENTRO DO TEXTO, A TESE E OS ELEMENTOS DE RETOMADA?

Como construir um texto dissertativo?




01. Interpretação do temaProcedimentos Básicos

Devemos interpretar cuidadosamente o tema proposto, pois a fuga total a este implica zerar a prova de redação;


02. Levantamento de idéias

A melhor maneira de levantar idéias sobre o tema é a auto-indagação;


03. Construção do rascunho

Construa o rascunho sem se preocupar com a forma. Priorize, nesta etapa, o conteúdo;


04. Pequeno intervalo

Suspenda a atividade redacional por alguns instantes e ocupe-se com outras provas, para que possa desviar um pouco a atenção do texto; evitando, assim, que determinados erros passem despercebidos;


05. Revisão e acabamento

Faça uma cuidadosa revisão do rascunho e as devidas correções;


06. Versão definitiva

Agora passe a limpo para a versão definitiva, com calma e muito cuidado!


07. Elaboração do título

O título deve ser urna frase curta condizente com a essência do tema.


Orientação para Elaborar uma Dissertação

  • Seu texto deve apresentar tese, desenvolvimento (exposição/argumentação) e conclusão.
  • Não se inclua na redação, não cite fatos de sua vida particular, nem utilize o ainda na 1ª pessoa do plural.
    Seu texto pode ser expositivo ou argumentativo (ou ainda expositivo e argumentativo). As idéias-núcleo devem ser bem desenvolvidas, bem fundamentadas.
  • Redija na 1ª pessoa do singular ou do plural, ou fundamentadas. Evite que seu texto expositivo ou argumentativo seja urna seqüência de afirmações vagas, sem justificativa, evidências ou exemplificação..
  • Atente para as expressões vagas ou significado amplo e sua adequada contextualização. Ex.: conceitos como “certo”, “errado”, “democracia”, “justiça”, “liberdade”, “felicidade” etc.
  • Evite expressões como “belo”, “bom”, “mau”, “incrível”, “péssimo”, “triste”,“pobre”, “rico” etc.; são juízos de valor sem carga informativa, imprecisos e
    subjetivos.
  • Fuja do lugar-comum, frases feitas e expressões cristalizadas: “a pureza das crianças”, “a sabedoria dos velhos”. A palavra “coisa”, gírias e vícios da linguagem oral devem ser evitados, bem como o uso de “etc.” e as abreviações.
  • Não se usam entre aspas palavras estrangeiras com correspondência na língua portuguesa: hippie, status, dark, punk, laser, chips etc.
  • Não construa frases embromatórias. Verifique se as palavras empregadas são fundamentais e informativas.
  • Observe se não há repetição de idéias, falta de clareza, construções sem nexo (conjunções mal empregadas), falta de concatenação de idéias nas frases e nos parágrafos entre si, divagação ou fuga ao tema proposto.
  • Caso você tenha feito uma pergunta na tese ou no corpo do texto, verifique se a argumentação responde à pergunta. Se você eventualmente encerrar o texto com uma interrogação, esta pode estar corretamente empregada desde que a argumentação responda à questão. Se o texto for vago, a interrogação será retórica e vazia.
  • Verifique se os argumentos são convincentes: fatos notórios ou históricos, conhecimentos geográficos, cifras aproximadas, pesquisas e informações adquiridas através de leituras e fontes culturais diversas.
  • Se considerarmos que a redação apresenta entre 20 e 30 linhas, cada parágrafo pode ser desenvolvido entre 3 e 6 linhas. Você deve ser flexível nesse número, em razão do tamanho da letra ou da continuidade de raciocínio elaborado. Observe no seu texto os parágrafos prolixos ou muito curtos, bem corno os períodos muito fragmentados, que resultam numa construção primária.

Redação nota 10. 2


Quando o sol da cultura está baixo, até os mais ínfimos seres emitem luz
             
          Marcel Proust, grande escritor e exemplo máximo de uma vida dedicada unicamente à leitura e à literatura, disse em seus escritos “cada leitor, quando lê, é um leitor de si mesmo”. O que Proust evidencia nessa frase deixa em aberto uma série de interpretações que podem ser realizadas a partir do hábito entusiástico e não visto como uma obrigação, pela leitura.
             Estar em contato com o universo das palavras e nele encontrar uma atividade prazerosa, ao mesmo tempo que nos leva a absorver todo o conhecimento exterior, também nos conduz a uma busca de tudo que representa algo de nós mesmos nesse conhecimento que chega até nós. Em cada nova leitura, ocorre algo semelhante a uma lapidação de nossos desejos e predileções.
            Os livros constituem um tipo de transporte de conhecimento diferente da televisão por exemplo, onde as informações são transmitidas a todo o momento, e para tal, só precisa de nossa permissão para a passagem de suas imagens através de nosso córtex. O nível de saber que podemos extrair de um livro possui o mesmo limite de nossa vontade de fazê-lo. E, ao contrário das informações “prontas” da televisão, temos a total liberdade de interpretação, o que confere o aperfeiçoamento de nosso senso crítico e o melhoramento de como nos posicionamos diante do mundo.
          O hábito da leitura não possui caráter elitista e nem está associado ao poder aquisitivo. Em qualquer cidade, por menor que seja, há uma biblioteca, basta que tenhamos interesse em desvendar todo o mistério contido nela. Ao ler, nos tornamos mais cultos, mais seguros de nossas convicções, nos expressamos e escrevemos melhor. Medidas públicas devem ser realizadas para garantir essa acessibilidade e assim, seus respectivos países possam brilhar, iluminados pelo sol da cultura.

Redação nota 10. 1


Redação 2
Quadro Negro 
            Se para Monteiro Lobato um país se faz de homens e livros, para os governantes diferente não poderia ser. O papel da leitura na formação de um indivíduo é de notória importância. Basta-nos observar a relevância da escrita até mesmo na marcação histórica do homem, que destaca, por tal motivo, a pré-história.
            Em uma esfera mais prática, pode-se perceber que nenhum grande pensador fez-se uma exceção e não deixou seu legado através da escrita, dos seus livros, das anotações. Exemplos não são escassos: de Aristóteles a Nietzsche, de Newton a Ohm, sejam pergaminhos fossilizados ou produções da imprensa de Gutenberg, muito devemos a esses escritos. Desta forma, iniciarmos o nosso processo de transformação adquirindo tamanha produção intelectual que nos é disponibilizada.
            A aquisição de idéias pelo ser humano apresenta um grande efeito colateral: a reflexão. A leitura é capaz de nos oferecer o poder de questionar, sendo a mesma freqüente em nossas vidas. Outrossim, é impossível que a nossa visão do mundo ao redor não se modifique com essa capacidade adquirida.
            Embora a questão e a dúvida sejam de extrema importância a um ser pensante, precisam ter um curto prazo de validade. A necessidade de resposta nos é intrínseca e gera novas idéias, fechando, assim, um círculo vicioso, o qual nos integra e nunca terminamos de transformar e sermos transformados.
            A leitura é a base para o desenvolvimento e a integração na sociedade e na vida, porquanto viver não é apenas respirar. Se Descartes estiver certo, é preciso pensar. Pensando, poderemos mudar o quadro negro do país e construir o Brasil de Monteiro Lobato: quadro negro apenas na sala de aula, repleto de idéias, pensamentos, autores, repleto de transformação e de vida.

Coesão e coerência

Uma das propriedades que distingue um texto de um amontoado de palavras ou frases é o relacionamento existente entre si. De que trata, então, a coesão textual? Da ligação, da relação, da conexão entre as palavras de um texto, através de elementos formais, que assinalam o vínculo entre os seus componentes.
Uma das modalidades de coesão é aremissão. E a coesão pode desempenhar a função de (re)ativação do referente. A reativação do referente no texto é realizada por meio da referenciação anafórica ou catafórica, formando-se cadeias coesivas mais ou menos longas.
A remissão anafórica (para trás) realiza-se por meio de pronomes pessoais de 3ª pessoa (retos e oblíquos) e os demais pronomes; também por numerais, advérbios e artigos.
Exemplo: André e Pedro são fanáticos torcedores de futebol. Apesar disso, são diferentes.Este não briga com quem torce para outro timeaquele o faz.
Explicação: O termo isso retoma o predicado são fanáticos torcedores de futebol; esterecupera a palavra Pedro; aquele , o termo André; o faz, o predicado briga com quem torce para o outro time – são anafóricos.
A remissão catafórica (para a frente) realiza-se preferencialmente através de pronomes demonstrativos ou indefinidos neutros, ou de nomes genéricos, mas também por meio das demais espécies de pronomes, de advérbios e de numerais. Exemplos:
Exemplo: Qualquer que tivesse sido seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de profissão e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamosdeleo professor, gordo e silencioso, de ombros contraídos.
Explicação: O pronome possessivo seu e o pronome pessoal reto ele antecipam a expressão o professor – são catafóricos.
De que trata a coerência textual ? Da relação que se estabelece entre as diversas partes do texto, criando uma unidade de sentido. Está, portanto, ligada ao entendimento, à possibilidade de interpretação daquilo que se ouve ou lê.

por noely landarin

O planejamento do texto


A fim de expressar-se claramente na escrita, acostume-se a planejar o texto (esquematizar o que pretende escrever) e reescrevê-lo até que as idéias estejam perfeitamente claras, compreensíveis. Pergunte a si mesmo, colocando-se no lugar do leitor, se o texto está claro e se traduz seu pensamento.
Tenha paciência com você: um bom texto não vem ao mundo de uma hora para outra... Outra coisa: escrever não é meramente transpor a fala para o papel. Observe:

Texto I (falado)

"Ela tava ali, lindinha e nos conformes, cara... Fiquei olhando, imaginando um jeito de dize!; bem, você sabe, né? De dizer aqueles negócios que fico pensando sem ela. Era hora, agora, vou lá, dou uma chavecada nela, buzino umas no ouvidinho dela, tá na minha... Bom, tava faltando coragem, puxa, foi me dando um frio, uma coisa, um estado... Virei as costas, meu irmão, e me mandei... "

Texto II (escrito)

"Digo a você que ela estava lá, diante dos meus olhos. Perfeita. Olhei-a imaginando um jeito de dizer o quanto era importante para mim, dizer o que pensava dela quando estava a sós comigo mesmo. Pensei ser a hora certa, conversa1: Mas me faltou coragem. Fugi."
Como você pode observar, há características peculiares de um texto escrito. Ele deve se apresentar como um todo semântico, com as partes bem amarradas, desprovido das marcas de oralidade tais como repetições, pausas, inserções, expressões vulgares ou continuativas.
A língua escrita parece pertencer a um outro universo, embora consigamos registrá-la facilmente. Há concordâncias, regras; além do que uma outra exigência da escrita é sua apresentação formal: os parágrafos devem começar a uma distância certa da margem e com letra maiúscula; as palavras devem ser separadas umas das outras por espaços em branco; as orações devem ser pontuadas; as palavras necessitam de ortografia oficial. No entanto, deve ficar bem claro que tais exigências não constituem a qualidade principal de um texto escrito: saber grafar corretamente as palavras ou acentuar seguindo as regras não quer dizer que se escreva bem porque saber escrever é, antes de tudo, saber transpor com clareza e eficiência as idéias para o papel. É assim que se constrói um bom texto.
Dessa forma, tenha em mente:
1) Escrevemos para dar um testemunho de nossa existência e... eficiência, não apenas para tirar uma nota, passar num vestibular;
2) É preciso que leiamos o que escrevemos com o olho do outro, ou seja, autocrítica é fundamental;
3) Precisamos nos familiarizar com a escrita, e devagar colocarmos nossos pensamentos na forma desejada.

De dentro para fora...

Mas... de nada adiantará a você saber bem regras de ortografia, pontuação, acentuação, concordância verbal e nominal, se não tiver aquilo que pode chamar de "estofo", ou seja, sua redação só será boa caso se disponha a cuidar, antes de realizá-la, de seu intelecto. Não se escreve sobre aquilo que não se sabe. Portanto, disponha-se a ler jornais, revistas, livros, a observar o mundo e a verificar que verdades costumam ter dois lados. Reconheça de que lado está. Afinal, você já ouviu dizer que "Quem quer conhecer o gato deve levar em consideração também o ponto de vista do rato."
Leia bastante, discuta sobre o que leu, debata suas idéias, construa seu universo intelectual. Cresça, enfim, de dentro para fora. Invista em você, em sua criatividade, em sua capacidade de estar atento.
Escrever é decorrência do ato de pensar. Então, leia de tudo um pouco: filosofia, religião, política, bula de remédio, receita de bolo, história em quadrinhos, editoriais de jornais, notícias de assassinatos, out-doors, poemas, romances, resumo da sessão da tarde. Dessa forma, estará construindo seu lado de dentro, um universo muito mais rico, e buscando construir um discurso próprio, particular, marca de sua própria individualidade. Afinal, escrevemos bem quando sabemos bem sobre o que vamos escrever.